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                                                              A vitória do Louvre                                                                

 

Historicamente, o grande despertar da arte para a liberdade ocorreu entre os séculos 520 e 420a.C. (século V a.C.), quando os artistas já haviam adquirido plenamente a consciência de seu poder e mestria, recebendo da sociedade uma reciprocidade incomum. Uma considerável parcela da população começa a se interessar e valorizar os seus trabalhos, a tê-los como obras de arte, e diferenciá-los das suas funções religiosas e políticas. Inicia-se um período de distinção entre os méritos das inúmeras escolas de arte, dos seus métodos, estilos e tradições que empregavam os mestres em diferentes cidades. As mesmas características de graça e leveza que marcaram a arquitetura são vistas na escultura e na pintura desse período, revelando-nos um enfoque artístico ávido por mudanças. E assim, como as estátuas de Fídias, famosas em toda a Grécia, lembrava as representações dos deuses, àquelas dos grandes templos do século IV receberam reputação maior no sentido da delicadeza e do refinamento, expressando o que Sócrates chamou de “atividade da alma”, sendo estudadas e discutidas pelos filósofos que elogiavam a sua beleza e concepção.

Na geração que se seguiu à de Praxíteles, em fins do século IV, os artistas animaram as feições das esculturas sem lhes destruir a beleza. O próprio Alexandre (da Macedônia) preferia ser retratado pelo seu escultor palaciano, Lisipo, o mais celebrado artista da época, autor da notável Vênus de Milo (c. 200 a.C.), onde a superfície do mármore parece animar-se de vida e respirar, consagrada como a mais impressionante e refinada escultura feminina da antiguidade. Essa mudança iria afetar o caráter da arte grega e se chamaria de arte helenística, nome dado pelos sucessores de Alexandre aos impérios criados em Alexandria (Egito), Antioquia (Síria)e Pérgamo (Ásia Menor), onde os estilos e as invenções da arte grega foram aplicados à escala grandiosa dos reinos orientais, conforme as suas tradições. Dessa época do Helenismo, então, destacamos, além da Vênus de Milo, duas belas esculturas, “O altar de Zeus de Pérgamo”, (c. de 160 a.C.) e a “Vitória de Samotrácia”, (c. 190 a.C.), atribuída ao escultor Pitócritos, da Escola de Rodes.

A Vitória de Samotrácia é uma bela senhora esvoaçante, em mármore branco, com mais de 2.00m de altura, encontrada pelo arqueólogo francês Charles Champoiseau em abril de 1863, enquanto escavava nas ruínas do Santuário dos Deuses de Samotrácia, levada a Paris naquele mesmo ano. Acredita-se que teria sido encomendada pelo rei Demétrio I da Macedônia, após a sua vitória durante uma batalha naval em Chipre, em 289 a.C. Venerada na Escadaria Darú, no Louvre, a escultura será restaurada a um custo superior a R$ 3.1 milhões, conforme noticia divulgada pelo Museu, quando os restauradores estarão devolvendo-lhe todo o seu esplendor, através do ocrowdfunding, financiamento coletivo ao mundo da arte institucional. Especialistas do Louvre e do Centro de Investigação e Restauração de Museus da França já realizaram uma análise minuciosa da obra e discutiram as condições em que ela se encontra, deparando-se com  algumas fissuras e a coloração mais escura do mármore em partes da escultura que serão solucionadas, conforme o Sr. Jean-Luc  Martínez, diretor do Departamento de Antiguidades gregas, etruscas e romanas do Louvre. Também a escadaria será restaurada formando um conjunto harmonioso dos mais visitados do Museu. Na verdade, não há ineditismo longe de Paris.

Edit by CarlosDantas

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