Agressões ao Poço da Panela
Surgido em meados do século XVIII, em terras do Engenho Casa Forte, pertencentes ao Senhor Diogo Gonçalves, o Poço da Panela era no início um pequeno povoado em meio às plantações de cana-de açúcar. Com a notícia de uma epidemia de cólera que se espalhara pelo Recife e com a recomendação dos médicos da época para que a população procurasse os banhos “no trecho do Rio Capibaribe que banhava o povoado”, o Poço começa a receber uma nova população, agora urbana, vinda do Recife, que ali passara a construir novos edifícios que são os belos casarões do final dos séculos XVIII e XIX, que compõem o notável repertório arquitetural, hoje, do Bairro. Mas o povoado crescera, ganhou várias ruas como a Estrada Real do Poço, a Rua Luiz Guimarães, a Rua dos Arcos, a Rua do Chacon e tantas outras, ainda emolduradas pelos belos casarões e, em 1772, é edificada a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, graciosamente barroca com torre sineira e cimalha ondulada em sua fachada.
Pois bem, este lugar maravilhoso, quase uma cidadezinha de interior, com densa e agradável cobertura vegetal e passarinhada nos céus, mesmo tornando-se Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (ZEPH) vem, no decorrer desses 12, 14 anos, nas duas gestões do PT e agora do PSB, sofrendo profundas mudanças predatórias e irreparáveis agressões do ponto de vista arquitetural, ambiental e cultural. Vê-se, por exemplo, inúmeras novas construções ao longo do polígono tombado do Bairro, que são edifícios erguidos quando se poderia pensar em condomínios horizontais bem ajardinados. Um outro exemplo de degradação ambiental são os inúmeros estabelecimentos comerciais que vão se instalando no Bairro, com a devida permissão e conivência da PCR, como exemplo na Estrada Real do Poço, com restaurantes, salões de “beleza”, pizzaria e até uma clínica médica (no final da Rua dos Arcos), comprometendo profundamente o trânsito do lugar, deixando as ruas quase sem mobilidade.
Outras ruas também estão sendo invadidas e modificadas tornando-se intransitáveis e a Prefeitura conivente com essas agressões, retratando o descaso e a falta de conhecimento cultural sobre o Bairro. Em momento, mais uma “pérola” municipal se instala. No Poço, em todas as suas ruas, os seus moradores cultivam e cultuam os seus jardins e pomares, muito bem cuidados que enriquecem e embelezam o Bairro, tornando-o um lugar bucólico e aprazível - todo mês se repete essa tarefa de cuidar dos jardins. Eis que a PCR resolveu, então, limitar a poda dos jardins e pomares em 1m³ de folhagens, que equivale a 2 ou 3 sacos de lixo. Ora, esta “quantidade toda” você obtém facilmente capinando uma jardineira, que deve ter sido a fonte de inspiração desse “sábio” colaborador para elaborar tal determinação(?) Será que a PCR, em vez de abrir esse confronto com os moradores do Bairro e seus jardins, não tem mais nada relevante para fazer em nossa cidade? Que tal retirar um “lava a jato” clandestino que se instalou na Praça da Vitória Régia (Praça de Casa Forte); ou, na Rua Leonardo Cavalcanti (àquela do Museu Murilo La Greca), planejar um agenciamento para a faixa da beira do rio, que se encontra degradada há anos; ou a demolição com urgência daquele gradil horroroso da Conde da Boa Vista e arborizá-la, criando um Boulevard?