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                                                  Desejo de Status                                                    

Todos os homens sofrem de males que os acompanham por toda a vida: a prepotência, a arrogância, a inveja, a indiferença... Mas, talvez, o maior de todos seja o desejo de status. Poucas são as pessoas que se sentem felizes com a sua posição social e que afirmam isso espontaneamente. A sociedade parece sempre estar convivendo com o inaceitável e vive em busca do inatingível.

No mundo moderno em que nos encontramos - acelerado, indiferente e competitivo - esse desejo torna-se incômodo e doentio e sucumbe, muitas vezes, a sociabilidade das pessoas. Abrem-se feridas que, talvez, nunca mais sejam curadas.

Em nossa sociedade, o tratamento na qualidade social é diferenciado, e aqueles indivíduos “sem status” têm suas identidades ignoradas. Mas, mesmo aqueles que enfrentam tal desconforto por longos períodos devem resistir – talvez esta seja uma palavra “chave” da vida – porque na sua dualidade (da vida) são merecedores da estima dos outros. Sentimo-nos, às vezes, tão decepcionados, tão ignorados que nos parece estar fora do retrato da humanidade. Recordo-me de como escreveu Otávio Paz (escritor mexicano, autor do Labirinto da Solidão): “Às vezes eu fico tão sozinho, tão calado, que as pessoas ignoram a minha presença, quase imperceptível”. Parece que dependemos unicamente da afeição dos outros para “nos tornarmos vivos”, encorajados pela atenção e magoados pela indiferença.

Quando adultos, no decorrer das nossas vidas, abraçamos duas histórias de amor: o amor romântico, apaixonado, que é carregado de sexualidade, “como duas pessoas que se querem com a mesma intensidade e com o mesmo desespero, com o peito sufocado e sem nenhum limite”, como falava Celso Rodrigues, e o amor de status que nutre motivos secundários, um sentido econômico.

Para quem se sente profundamente angustiado por não se encontrar no cume da hierarquia social e, portanto, não receber a devida atenção

por isso, flutuando na sua arrogância e com o semblante de enormes angústias, ofereço-lhe uma reflexão do filósofo francês Alain Boton: “A vida é muito mais do que simplesmente ser bem sucedido”.

Edit by CarlosDantas

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